Ibovespa reduz alta com bolsas americanas em queda

São Paulo – O Ibovespa reduziu o movimento de alta, pressionado pelo movimento de baixa das bolsas americanas, que operavam em território negativo em dia de vencimento de opções e contratos futuros. O índice, que chegou a subir 5,7% na máxima desta sexta-feira (20), avançava 1% às 13h52 e marcava 69.031 pontos. Nos Estados Unidos, o S&P 500 caía 1,77%.

“Isso, com certeza, está pesando e pode fazer a bolsa [brasileira] virar para queda”, comentou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Mais cedo, a forte valorização havia sido impulsionada pelo maior alívio no mercado financeiro, com a possibilidade de remédios usados no tratamento de outras doenças, como a malária, serem eficazes no combate ao coronavírus Covid-2019. Com isso, bolsas da Ásia e da Europa fecharam em alta nesta sexta.

Também repercute entre os investidores os estímulos dos principais bancos centrais do mundo para conter os impactos da doença na economia. Ontem, o Federal Reseve anunciou que poderia emprestar até 60 bilhões de dólares ao Brasil, o que ajudou o Ibovespa a encerrar em alta 2,15%.

Caso feche no terreno positivo neste pregão, esta será a primeira vez em mais de duas semanas que o índice registra duas altas consecutivas.

Contudo, analistas ainda acham cedo para afirmar que o pior da crise já passou. “Rumores em diferentes países de que alguns remédios teriam efeito contra o covid-19 ainda animam, mas não chegariam a tempo de evitar o pico da doença no mundo e isto pode ser fator de estresse no futuro”, comentou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, em relatório a clientes.

Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos, também não está muito otimista com o avanço da doença. “já fizeram estudos mostrando que o pico de casos de coronavírus no Brasil deve chegar entre os dias 6 e 20 de abril, então aquela sensação de que as coisas podem piorar de fato é verídica” escreveu em nota. Somente no Brasil, o número de infectados confirmados já ultrapassa 600.

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset considera a alta de hoje apenas como “um alívio de curto prazo”. Para a reação começar mesmo vai depender de quanto tempo o comércio vai permanecer fechado. Se perceber que o número de casos no Brasil não é tão grande, já começa a tirar um pouco a pressão sobre o mercado”, afirmou.

Na bolsa, as companhias aéreas, que chegaram a cair mais de 80% somente em março, lideravam as altas do Ibovespa, com Azul e GOL subindo mais de 20%. Para Rafael Bevivilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos, a desvalorização foi “exagerada”. “É uma queda digna de empresas à beira da falência. Apesar de elas terem um pouco mais de risco, o governo vai ajudá-las. Se não quebrar, elas valem de 3 a 4 vezes mais”, disse.

Fonte: Exame